Brasileirão 2026 pode ter mais 2 estádios com gramado sintético, atual edição tem 3, Flamengo protesta e presidente Bap cita R$ 45 milhões por ano

Gramado sintético volta ao centro do debate, Flamengo critica impacto técnico e financeiro, e CBF avalia avanços para 2026 O debate sobre o uso de gramado sintético no futebol brasileiro voltou a ganhar força com a possibilidade de que o Brasileirão 2026 tenha mais dois estádios com superfície artificial, além dos três já presentes na ... Leia mais

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Anderson Gomes

Gramado sintético volta ao centro do debate, Flamengo critica impacto técnico e financeiro, e CBF avalia avanços para 2026

O debate sobre o uso de gramado sintético no futebol brasileiro voltou a ganhar força com a possibilidade de que o Brasileirão 2026 tenha mais dois estádios com superfície artificial, além dos três já presentes na atual edição. A discussão reacende tensões entre clubes que defendem a grama natural por critérios técnicos e de integridade esportiva, e equipes que adotam o gramado sintético como forma de reduzir custos operacionais.

O Flamengo, entre os clubes mais contundentes na defesa da grama natural, se manifestou publicamente contra a expansão do gramado sintético. Em entrevista ao ‘Poder 360’, o presidente do clube, conhecido como Bap, afirmou que a adoção da grama artificial cria desigualdades, e ressaltou argumentos tanto esportivos, quanto econômicos e de segurança para atletas.

O que disse o presidente do Flamengo

Em trecho da entrevista, Bap afirmou, “Alguns clubes brasileiros implementaram o gramado sintético para economizar. O futebol, nas cinco maiores ligas do mundo, é praticado em grama natural. Quando você tem um gramado de plástico, você cria uma iniquidade. A bola fica diferente, o ritmo muda, o impacto nos atletas é outro”, disse Bap, em entrevista ao ‘Poder 360’.

Na mesma fala, ele trouxe um dado financeiro para reforçar o argumento do clube, “Flamengo e Fluminense gastam cerca de R$ 45 milhões por ano para manter um gramado perfeito, jogando-se 80 partidas por ano. Não é justo que se crie um diferencial competitivo pelo tipo de campo; Falam: ‘ah, mas é muito mais caro…’ Se você não tem condição de praticar o futebol em campo de grama (natural), talvez você não possa disputar a Série A do Campeonato Brasileiro”, acrescentou.

Por que clubes adotam gramado sintético

Clubes que optam pelo gramado sintético costumam apontar economia com manutenção, resistência ao uso intenso, e menores custos em regiões com clima adverso ou infraestrutura limitada. O custo de implantação pode ser alto, mas a manutenção periódica tende a ser inferior à de um gramado natural, especialmente quando se consideram regimes de chuvas, irrigação, reposição e mão de obra.

Para algumas sedes, o gramado artificial também permite uso multifuncional do estádio, com eventos e treinos que, em gramados naturais, exigiriam longos períodos de recuperação. Essa lógica financeira explica o aumento do número de campos sintéticos em divisões inferiores e em arenas de menor porte.

Reação do Flamengo e possíveis impactos esportivos

O posicionamento do Flamengo reflete preocupações técnicas que envolvem desempenho e saúde dos jogadores. Treinadores e preparadores físicos costumam argumentar que a bola quica de forma diferente, e que as trocas de ritmo e deslocamentos podem mudar quando comparados com a grama natural. Essas mudanças, na visão de parte do corpo técnico, podem influenciar resultados e aumentar o risco de lesões.

Além disso, a existência de superfícies distintas dentro do mesmo campeonato pode gerar um diferencial competitivo, favorecendo times acostumados a jogar em sintético quando atuam em casa, sobretudo em partidas decisivas. Para um elenco com nomes como Arrascaeta, Bruno Henrique, Pedro e Everton Cebolinha, por exemplo, a adaptação a características do piso é sempre fator considerado na preparação de partidas.

O que muda para o Brasileirão 2026

Se a tendência de ampliação do número de gramados sintéticos se confirmar, a CBF e a Série A terão de avaliar critérios mínimos de homologação, segurança e padronização. Além das normas técnicas, a decisão pode envolver diálogo com clubes, agentes e entidades de proteção ao atleta, para mitigar riscos e reduzir possíveis desigualdades competitivas entre os participantes.

Enquanto isso, clubes contrários ao gramado sintético devem intensificar o debate público, buscando influenciar regulamentos e decisões. A menção de Bap ao gasto conjunto com o gramado natural, e a comparação com práticas das maiores ligas do mundo, alimenta um discurso que envolve tanto a imagem do futebol brasileiro, quanto a proteção dos atletas e a qualidade do espetáculo.

Com a possibilidade de pelo menos mais dois estádios com gramado artificial no Brasileirão 2026, a discussão promete ser um dos temas quentes nos próximos meses, em reuniões de federações estaduais, na CBF e nas conversas entre clubes que vivem realidades financeiras diferentes, e que têm visões divergentes sobre como equilibrar custo, segurança e competitividade no futebol nacional.