Mota diz que mudança no critério de divisão de receitas favorece pay-per-view e pode custar R$ 8 milhões ao Vitória, enquanto o Flamengo briga por Libertadores e Brasileirão
Em uma fala que escancara a diferença financeira e esportiva entre clubes do futebol brasileiro, o presidente do Vitória, Mota, apontou um cenário em que a adoção de critérios que privilegiem o pay-per-view pode penalizar clubes menores, e beneficiar grandemente times como o Flamengo. A discussão volta ao centro das atenções em uma semana em que o Rubro-Negro carioca vive momentos decisivos, com a final da Libertadores se aproximando, e a disputa no Brasileirão chegando à reta final.
O que disse Mota sobre a divisão de receitas
Sobre a proposta de alteração na forma de dividir a arrecadação do campeonato, Mota foi direto ao citar números e consequências para clubes de menor orçamento. Ele destacou, exatamente, a configuração atual e a mudança em debate com a frase a seguir, “— Hoje, 40% do dinheiro é dividido para todos os clubes de forma igualitária. 30% é por audiência e 30% por performance no campeonato. O Flamengo está conseguindo que os outros 60% levem em consideração o pay-per-view. Se isso prosperar, o Vitória perde R$ 8 milhões por ano nessa mudança de critério -, afirmou Mota na época.”
Essa declaração resume a preocupação de dirigentes de times com menos receita de transmissão, pois a inclusão do pay-per-view como critério majoritário tende a concentrar recursos nos clubes com maior torcida e maior apelo comercial, como o Flamengo, deixando equipes como o Vitória em desvantagem financeira significativa.
Cenário esportivo, Flamengo e Vitória
No campo, as diferenças também são visíveis. O Flamengo, além de disputar a final da Libertadores, briga pelo título do Brasileirão, enquanto o Vitória, recém-promovido à Série A, luta para se manter na primeira divisão. Em confrontos recentes, o abismo técnico foi notório, como quando o Rubro-Negro carioca aplicou uma goleada por 8 a 0 sobre o time baiano no Brasileirão, resultado que ilustra, de forma contundente, a assimetria entre as estruturas das equipes.
O elenco do Flamengo reúne nomes experientes e contratados de peso, como Bruno Henrique, Everton Cebolinha, Arrascaeta, Nicolás De La Cruz, Saúl Ñíguez, além de reforços defensivos como Alex Sandro e Ayrton Lucas, e opções de ataque como Pedro e Matheus Cunha. Essa profundidade de elenco, aliada ao apelo comercial e à base de torcedores, é parte do argumento usado por Mota para explicar por que mudanças que considerem o pay-per-view podem aumentar a centralização de receitas.
Próximo jogo, transmissões e impacto do pay-per-view
Na sequência de compromissos que podem definir a temporada, o Flamengo enfrenta o Fluminense nesta quarta-feira, 19, às 21h30, no Maracanã, pela 34ª rodada do Brasileirão. A partida, tradicional Fla-Flu, será transmitida pelo pay-per-view, no Premiere, o que reforça a relevância do modelo de transmissão na discussão sobre divisão de receitas.
Dirigentes como Mota alertam que, se a parcela relativa a audiência e pay-per-view aumentar na divisão dos recursos, clubes menores podem ver suas receitas encolherem, afetando investimentos em estrutura, categorias de base e elenco. Por outro lado, clubes de grande torcida, com contratos e exposição maior na TV paga, ampliariam vantagem financeira, intensificando a diferença dentro do campeonato.
Consequências práticas e cenário a curto prazo
Se a proposta que Mota criticou prosperar, a estimativa citada pelo presidente é concreta, pois ele afirmou que “o Vitória perde R$ 8 milhões por ano nessa mudança de critério”, o que, na prática, significaria menos capacidade de investimento e maior risco esportivo para o clube baiano. Para o Flamengo, a tendência seria a consolidação de uma vantagem já visível dentro e fora de campo.
Enquanto eventuais mudanças na distribuição são debatidas nos bastidores, o reflexo mais imediato está nas competições. O Flamengo segue em busca de títulos e precisa equilibrar compromissos nacionais e internacionais, com jogos decisivos e transmissão em pay-per-view aumentando sua exposição. O Vitória, por sua vez, precisa de estabilidade financeira e desempenho em campo para se manter competitivo na Série A.
As conversas sobre a reformulação dos critérios de divisão de receitas prometem seguir entre clubes e organizadores, com impactos diretos no mapa do futebol brasileiro nos próximos anos. Até lá, a diferença entre Flamengo e clubes menores permanece evidente, tanto nas vitrines de títulos, quanto nas cifras que circundam o mercado do futebol.