Conselho Deliberativo do Flamengo se reúne para avaliar devolução de posse, proposta da Smart Fit, desconto de 10% para sócios e impactos ao acervo
O Conselho Deliberativo do Flamengo foi convocado para uma reunião na próxima segunda-feira em que a pauta principal será a proposta de aluguel do 2º andar do Museu do Flamengo para a rede de academias Smart Fit. A discussão pode levar ao fechamento temporário do museu para a realização de obras de reforço estrutural, e acendeu um debate dentro do clube sobre patrimônio, receita e prioridades culturais.
O que está em jogo
Entre os pontos que serão analisados pelo conselho está a devolução ao clube da posse plena do 2º andar do museu, atualmente administrado pela Mude Brasil, que possui um contrato válido até 2033. Segundo apurado, o Flamengo havia planejado um projeto de captação de recursos para a expansão do museu, mas atualmente não há planos concretos para que essa expansão se concretize. Diante dessa indefinição, a proposta de aluguel surgiu como alternativa com potencial de receita imediata.
A proposta prevê que sócios e funcionários do clube teriam direito a um desconto de 10% na mensalidade da nova academia, uma condição destacada como vantagem para o quadro social. Em termos financeiros, a operação com a Smart Fit, conforme projeções internas, pode trazer um retorno financeiro de R$ 13 milhões por ano ao Flamengo. Esses números serão apresentados e debatidos durante a reunião do Conselho Deliberativo.
Divisões entre conselheiros e preocupações com o acervo
A proposta de aluguel gerou divisões entre os conselheiros, sobretudo pela preocupação com a retirada parcial de um espaço que representa a história do clube. Fontes consultadas indicam que há conversas com investidores para ampliar a área dedicada ao museu, e a direção do Flamengo afirma que trabalha com a perspectiva de um aumento de 60% na área de exposição do museu como objetivo futuro. Ainda assim, a falta de planos concretos para a expansão pesou na mesa e contribui para a discussão sobre alternativas de uso.
Parte dos conselheiros questiona a ideia de ceder um espaço histórico a uma operação comercial, mesmo com descontos para sócios e estimativas de receita. Outros membros veem na proposta uma forma de modernizar as instalações da Gávea, considerando que, segundo pesquisa interna, há interesse dos associados pela instalação de uma academia no local, diante do que é considerado um espaço atual defasado.
Questões sobre conflito de interesse
Outro ponto que deve surgir na reunião é o envolvimento do vice-presidente de Patrimônio Histórico, José Antônio da Rosa, que mediou as conversas com a Smart Fit. A diretoria do Flamengo sustenta que não há conflito de interesse, sob o argumento de que o vice-presidente não mantém mais relação com a empresa. Pessoas do clube ouvidas pela reportagem afirmaram que a questão não é vista como um conflito, considerando que o VP não possui mais vínculos com a Smart Fit. Esse tema deve ser detalhado em plenário, com pedidos de esclarecimento sobre a tramitação e as etapas da negociação.
Impactos práticos e próximos passos
Se aprovada a proposta, o clube ainda precisa definir o cronograma de obras, a forma de transição do espaço e como será gerida a eventual suspensão temporária das atividades do museu. A proposta de aluguel inclui a possibilidade de um fechamento temporário para obras de reforço estrutural, medida que preocupa os responsáveis pelo acervo e torcedores ligados à memória do clube.
Em paralelo, a direção avalia que a instalação de uma academia com mensalidades inferiores às praticadas atualmente poderia beneficiar o sócio e atrair fluxo regular à Gávea, além de gerar a receita estimada em R$ 13 milhões por ano. A combinação entre receita imediata e promessas de ampliação do espaço de exposição é o argumento central de quem defende o acordo.
A reunião do Conselho Deliberativo do Flamengo na próxima segunda-feira será, portanto, decisiva para definir os rumos do Museu do Flamengo. A proposta de aluguel para a Smart Fit, a devolução da posse do 2º andar, as garantias para o acervo e a necessidade de obras estruturais serão as principais pautas debatidas, com implicações para a história e a administração do clube nos próximos anos.
