Presidente do Vitória aponta ‘Flamengo é outro mundo, outro patamar’ e questiona divisão 40/30/30 que aprofunda a disparidade financeira
O presidente do Vitória, Fábio Mota, denunciou a disparidade financeira entre clubes no futebol brasileiro e usou o Flamengo como exemplo do abismo econômico que separa as equipes. Em declarações diretas, Mota afirmou: “Flamengo é outro mundo, outro patamar, o que o Flamengo vende de camisa, são dois anos de orçamento do Vitória“, destacando a diferença no poder de receita gerada por merchandising e marca.
Contexto e números da distribuição de receitas
No mesmo discurso, Mota explicou como o modelo atual de distribuição de receitas funciona e quais são os riscos para clubes menores. “Mota também mencionou que atualmente, 40% do dinheiro das receitas é dividido igualmente entre os clubes, enquanto 30% é baseado em audiência e 30% por performance no campeonato“, disse ele, apontando que mudanças nessa fórmula podem penalizar times com menor exposição.
O presidente do Vitória alertou para um cenário em que o critério de pay-per-view ganhe peso maior. Segundo sua projeção, “Se isso prosperar, o Vitória perde R$ 8 milhões por ano nessa mudança de critério“, uma queda que comprometeria projetos, contratações e a própria sustentabilidade financeira do clube.
Impacto prático para clubes pequenos
A crítica de Mota sobre a disparidade financeira não é apenas retórica, ela se apoia em fatos recentes. O Flamengo vive uma fase esportiva e comercial robusta, disputando a final da Libertadores e liderando o Campeonato Brasileiro, ao passo que o Vitória, que conseguiu acesso recente à Série A, luta para evitar o retorno à segunda divisão.
Na prática, isso significa que receitas com venda de camisas, patrocínios, bilheteria e exposição em mídia ampliam a distância entre as instituições. A diferença se reflete também em resultados em campo, como no último confronto entre as equipes, finalizado em uma vitória expressiva do Flamengo por 8 a 0, cenário que evidencia a assimetria entre investimento e desempenho.
Pay-per-view e o clássico como exemplo
O formato pay-per-view volta à tona no discurso porque grandes jogos, com audiência nacional e internacional, podem concentrar receitas em poucos clubes. O Flamengo terá um clássico importante, o Fla-Flu, no dia 19 de novembro, às 21h30, no Maracanã, com transmissão pelo Premiere (pay-per-view), partida que reforça a dependência de receitas por audiência.
Para dirigentes como Mota, a dependência crescente do pay-per-view e de métricas de audiência tende a ampliar a disparidade financeira, já que clubes com maior torcida e exposição recebem fatias muito maiores da receita total, mesmo quando uma parte ainda é igualitária.
O debate que fica e possíveis caminhos
A denúncia de Fábio Mota reacende um debate recorrente entre clubes, federações e torcedores: como equilibrar a competitividade sem sufocar os clubes menores que sustentam a base do futebol nacional? A fórmula atual de distribuição, com 40% dividido igualmente, 30% por audiência e 30% por performance, busca um meio-termo, mas, segundo Mota, não evita que gigantes do mercado, como o Flamengo, ampliem sua vantagem.
Especialistas e dirigentes defendem soluções que passem por maior transparência nas negociações de mídia, limites mais claros para concentração de receitas e mecanismos de solidariedade que protejam clubes com menor capacidade comercial. Sem isso, e com alterações que favoreçam ainda mais o pay-per-view, clubes como o Vitória podem ver orçamento e planejamento comprometidos, conforme o próprio presidente alertou.
Na prática, a afirmação de Mota expõe um dilema central do futebol brasileiro: como manter um campeonato competitivo e equilibrado, quando a realidade financeira de clubes difere em patamares que chegam a transformar receitas de merchandising de um gigante em algo comparável a anos inteiros de orçamento de um clube menor.
Enquanto o debate segue, o calendário segue acelerado, e partidas como o Fla-Flu servem de termômetro, tanto esportivo quanto econômico, para medir quanto a disparidade financeira continuará moldando o futuro do futebol no Brasil.